quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Destemida

Enquanto esperava por você em frente da minha casa, naquele banco de madeira molhado, eu dizia para mim, em minha mente: “eu penso que havia algo em seu jeito que não me fazia parar de pensar em você, tanto penso, que de vez em quando até sonho contigo.”
Tem uma luz suave nas poças de água formada pela chuva, porém, nada foi melhor do que ver todas elas sendo destruídas pela roda do seu carro, e ver que seu sorriso brilhava muito mais que as poças, que tanto eu observava atentamente.
 Você queria me levar para seu carro para dar uma volta, mas, assim mesmo – dava para ver na expressão de seu rosto – tinha uma intuição de que eu queria algo antes de entrar. “E tenho mesmo!” disse para você, que ficou com um ar surpreso pelo o quê eu falei. Olhei para o estacionamento de uma loja falida em frente da minha casa, e seu olhar só foi seguindo o meu, lhe falei depois de você voltar-se a mim: “E você sabe que eu quero pedir-lhe para dançar logo ali...”.  Sua cara foi “a melhor”, inconformado, você exclamou: “Hã?!”caí na risada, e segurei o riso para dentro do meu peito e respondi: “ No meio da área de estacionamento! Sim, ah sim”. 
Puxei-lhe pela minha mão e sem quer saber se estaria disposto fazer isso comigo, ou não. Tudo em minha visão parecia ter virado câmera lenta, carros que passavam rapidamente á buzinar, andavam devagar e o som das buzinas se prolongavam; os senhorezinhos sentados no banco da calçada, deixavam seus cigarros de lado para nos observar ao atravessar da rua; cachorros abanavam o rabo, tanto quanto vêem um osso próximo ao sentir o sabor adorável ao seu gosto.
E de repente estamos nós dançando e rindo ao mesmo tempo, ao som do carro de uma rádio desconhecida. E ainda por cima, o carro era de um “bebum”, que estava estacionado ali no estacionamento da loja falida. E no acontecimento disso tudo, você sussurrou no meu ouvido: “Destemida”.  Sentia-me mesmo uma destemida, perto de tudo isso.
~~
Estávamos agora em seu carro, outro momento que ficou marcado em minhas lembranças.
Eu não tinha idéia do que iria acontecer.  Dirigindo seu carro, íamos para a rua a baixo. “Estou tentando tanto não me ‘prender’ agora... Será que você sabe, disso?” Eu perguntava para mim mesma, pois sabia que não era legal ser tão tímida desse jeito. Você já estava me fazendo especial em sua vida, de alguma forma, nem se fosse mínima, mas estava. Consegui perceber na hora em que vi seu olhar, meio sincero e meio ansioso ao mesmo tempo em que você dizia-me: “Quero te mostrar um lugar que não tenho o costume de ir acompanhado, muito menos o costume de mostrar para alguém... espero que goste!”. E você sorriu daquele jeito que qualquer um não negaria admirá-lo.
Demorou a chegarmos, e é claro que chegamos. A estrada era já de terra e pedregulhos, não havia nenhum sinal de vida humana, único sinal de vida era dos animais, dos insetos e do resto daquela natureza. Também não o sinal de luz, apesar de aquele local conter a luz das lindas estrelas brilhantes, gerava o grande contraste daquele céu, que levava a ser mais preto do que azul. A lua? Não sei onde ela se encontrava, talvez estivesse em outra direção ou atrás dos pinheiros que haviam por perto.  A única coisa que eu sei, foi que você pegou em minha mão e me levou para aquele grande campo, feito de uma grama “fofa”. 

Ele segurou em uma das minhas mãos e sua outra mão foi em minha cintura, e devagarzinho começamos a dançar. “Eu também queria dançar contigo, em um lugar diferente, só que em um lugar especial para mim”.  E no meu ouvido, você começou cantar para mim: “I remember what you wore in our first day, you came into my life. And I thought: ‘Hey, you know, this could be something …”. Confesso que ele não cantava bem, mas não cantava nada fora do comum, cantava exatamente normal. 
Mas, como eu sou desastrada, enquanto ele cantava para mim, tropecei em seu pé de tal modo que caímos literalmente naquela grama. Foi vergonhoso e engraçado, foi bom e foi ruim. Rimos tanto, porém, tudo foi se acalmando.  Aproximou-se e disse no meu ouvido novamente: “Destemida” e continuou: “ Sei que atrás desse seu lindo rosto meigo, ao lado do seu grande coração e sua timidez, há uma grande destemida. Tenho certeza disso tudo”.  Ele agia de uma forma tão incrível comigo, agia como ninguém já tivesse agido. Impulsionamente coloquei as mãos em seus cabelos; inconscientemente, isso me fazia querer você sempre ao meu lado.
~~
Quando tudo estava dando errado, você estava lá comigo. Na soleira da porta da minha casa, chorava sem quer segurar um sentimento, uma lágrima, um soluço. Você, prestes a ir embora, e eu, ficando.
Todos os planos agora eram inacabados; todos os desejos, indesejados; todos os sonhos, se tornando em pesadelos; e todas as promessas, jamais cumpridas. Entendo o porquê que você tem que ir, mas não consigo entender o porquê não possa voltar.
 Você diz que promete que vai voltar só que eu ouço entre as entrelinhas sua incerteza. Queria que tudo isso não passasse de invenções minhas, mas nada é invenção.
Chorando pior que uma menininha que acaba de perder seu bichinho de pelúcia, eu estava chorando, jogada em seus braços, lá estava você tentando me acalmar acariciando meus cachos molhados, dizendo que tudo ia ficar bem, que tudo que vai um dia, nem que for a maior das maiores demoras, voltava.
Eu negava sua ida, não queria deixar você ir de baixo daquela chuva, andando para partir e para minha tristeza, eu não puder fazer nada.
Tudo agora era tempo perdido, nada mais e nada menos podia mudar nosso caminho, a não ser o destino.
Um beijo você me deu de adeus e duas coisas você disse, que me fez prometer: “Destemida, não morra essa destemida que tem dentro de você... Se um dia eu encontrar você novamente, terei o meu ‘espaço’ que já tive antes?”. Sabia que o quê eu prometi, só me causaria, daqui um tempo, mais dor.
 Senti você soltando minha mão, enxugando pela última vez minhas lágrimas, olhando nos meus olhos profundamente. 
Então, você se foi, de baixo daquela chuva, que agora não era tão forte do que meus soluços. Eu berrava para você não ir, observei até o seu último passo que minha vista alcançava. Para minha tristeza, eu não pude fazer nada.
~~
Outra vida eu estava vivendo.  Era baseada de stress, correria, e outros problemas do dia-a-dia. Nem mesmo tempo tinha para me divertir, porém; com quem eu iria me divertir se não tinha você junto a mim? Tinha se passado muito tempo da época que convivi contigo, só que não sou pessoa de gostar de quebrar promessas.
Quando estava prestes a viver um novo amor, lembrava dessas suas palavras: “...Se um dia eu encontrar você novamente, terei o meu ‘espaço’ que já tive antes?”. Isso me gerava dor, me gerava uma das mais fortes dores que já pude viver. Ás vezes me lembrava de sua promessa, com raiva de ter acreditado, de ter sido tão tola em ouvi-la, dizendo que iria voltar. Com certeza, você nem mais se lembrava dela. Não tinha nenhuma notícia minha e nem queria ter.
Andava eu, apressadamente pela rua, um trombo levei com uma pessoa, que por meu stress; nem quis olhar em seu rosto e já fui logo pegando minhas coisa e falando nervosamente com ela: “Será que você  não vê por onde anda? Não tem mais nada para fazer, é? Então não fica no meio do caminho, porquê tem muita gente hoje em dia que tem o quê fazer. E você vai ficar aí? Parado?! Pode vir me ajudar!” Percebi que nada aquela pessoa fez, apenas estava me observando pegar tudo o que tinha caído dos meu braços.  Depois de pegar tudo, arrumei meu vestido, estava pronta para virar um tapa na cara daquele rapaz inútil; fui olhar bem no rosto para ver de quem se tratava e ... Era você. Você! Era você! Deixei derrubar todas minhas coisas novamente, uma das minhas mãos foi levada em minha boca boquiaberta. Neste momento você me puxou pela minha cintura para mais próximo e sussurrou em meu ouvido: “destemida”.



Texto inspirado pela música: Fearless, e Two is better than one.

3 comentários:

  1. Além de tudo você está linda e super parecida com a Taylor Swift na foto !

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  2. concoordo com a martha ai de cima ^^
    Ta linda na foto! E continuo e sempre vou entrar no seu blog!
    Beijoos!

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  3. OOi! Eu passei aqui para desejar um Feliz ano novo pra vc!
    Beijos e Happy Holidays!

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