Observo um gramado verde – um tanto torto ao meu gosto – diante de um por do sol que invadia o céu, levando-o ser mais alaranjado do que azul.
Respiro fundo e penso com olhos fechados: “Vento, pode me levar este recado a aquela tal pessoa?”. Pergunto em minha mente com esperanças de que ele me respondesse.
Ainda de olhos fechados, levemente sinto meu cabelo levantando de meus ombros e percebo que ele está presente ao meu lado. E respondi: “É, eu sei que ela está um pouco distante, eu sei. Mas ainda você pode levar?”
Senti indo-se embora, indo fazer este favor para mim.
“Espere! Espere um pouco”. Falei a ele tentando evitar que fosse tão cedo embora.
Consegui convencê-lo. Vento empurrou meu cabelo com força para traz de meus ombros.
Comecei a conta a ele: “Fazia um bom tempo que não falava com você. Fazia tempo que foi meu amigo”. Vi que estava quieto, parecendo interessado no que ia dizer Então continuei: “Lembro-me quando você vinha e batia-se no meu rosto eu dizia: ‘Olá, vento’. E começava a pensar como estivesse falando contigo, como se conseguisse ler o que eu pensava”. E eu boba, estava fazendo isto novamente, não acredito que estava flanado o vento. Putz! O que eu tenho na cabeça?
Ignorei estes meus pensamentos e voltei-me a ele: “Me sentia bem, me sentia tranqüila ao você tocar meus cabelos esvoaçados, formando nós que depois saberia que seriam complicados de tirar. No entanto, o tempo passa, a vida passa a vida muda. Você foi sumindo da minha vida”. Senti ele me rodear, ele não queria admitir que o tempo e a vida realmente passou e mudou, e que também estivesse sumindo.
Não liguei e continuei pensando, sendo o meio de conversa: “De vez em quando, te encontro por aí zanzando. Tem dias que te encontro um pouco rude, dando uma aparência que está intrigado com alguma coisa, intrigado comigo. Este não é o vento que eu conheço”. Vento começou um movimento que aparentava negar tudo o que tinha dito sobre ele. “Dá para esperar e ver o que vou falar?!” Disse irritada, ele se inquietou. Respirei fundo e fui falando com calma: “Porém, em outras vezes, encontro brincando com tudo à sua volta. Este é o meu velho amigo vento, quem vinha ao meu encontro e ria dentro de meu ouvido”.
Ficamos ali, quietos por um tempo, o por do sol já estava em meio caminho andado. Fiz um pequeno comentário: ”Foi bom te ter por perto só por este tempo, matou um pouco do que me fazia falta.” Lembrei-me do recado que ainda tinha que levar a aquela tal pessoa e lembrei-o também: “Agora vá, sei que será raro ter este momento novamente. Por mais que pareça meio sem graça me deixar aqui, mas vá. Só que não se esqueça que posso estar distante como também estou daquela tal pessoa. Meu sentimento continua o mesmo, estou de braços abertos caso um dia queira voltar.”
Ele pareceu sobrevoar sobre os galhos com animação pelo o que eu lhe falei. Aprecei-o mais uma vez: “Diga a ela o que eu sinto, faça que com que ela me compreenda igual há um diaque você já me entendeu perfeitamente. Você conhece meus pensamentos, eu sei muito bem que você zanza em minha mente quando me vê. Bom. Agora chega! Agora vá. E... Adeus”.
E fui sentindo ele se afastar, meus cabelos voltando aos meus ombros, o seu som sumindo, a grama parando de balançar... Minhas lágrimas caindo. Foi-se mais rápido do que se imaginaria ir.